Epíteto
é uma palavra qualificando o nome de uma pessoa. Celebridades, reis e
santos tem epítetos após o nome. É um título! Ex. Átila, o flagelo de
Deus. Napoleão, o corso (Ilha de Córsega, onde ele nasceu). São
Boaventura, o doutor seráfico. São João Maria Vianney, o cura d´Ars.
Rui Barbosa, a águia de Haia. Os títulos após um nome ou são
honoríficos ou são uma espécie de ‘apelido’ que caracteriza alguém: o
que fez, foi ou pelo seu modo de ser. A bíblia acrescenta títulos aos
nomes, a começar pelo de Jesus: o Nazareno (Mt.2,23). Há no Novo
Testamento mais de 100 títulos apostos ao nome de Jesus: o Messias; o
Verbo de Deus; o Ungido de Deus; o Emanuel (Deus conosco); o primogênito
de toda a criação; a cabeça da Igreja etc. Indicam o amadurecimento da
fé em Cristo ressuscitado no início da Igreja. São Marcos (2,17)
informa: Jesus deu aos dois apóstolos irmãos, Tiago e João, um epíteto:
Boanerges, isto é, filhos do trovão.
Ora, no Evangelho de Lucas a primeira referência à pessoa de Maria é
um título dado a ela pelo mensageiro de Deus: “ó cheia de graça!”
(Lc.1,28). Jesus chama sua mãe de Mulher: nas Bodas de Caná e no
Calvário (Jo.2,4); (Jo.19,26). “Mulher, eis aí teu filho!” Isto revela a
convicção dos primeiros cristãos no papel de Maria na salvação
realizada por Jesus. Ela é a nova Eva, prevista no livro do Gênesis
(3,15), como a vencedora futura do demônio. Vitória confirmada no livro
do Apocalipse, cap. 12, que fala do grande sinal que apareceu no céu:
uma mulher vestida de sol, a lua debaixo dos pés e uma coroa de 12
estrelas na cabeça. Por isso, a reflexão cristã deu à Maria desde os
primeiros tempos o título: Imaculada! Ela é ainda chamada de: Mãe de
Deus e de Sempre Virgem. O título de “nossa senhora” vem desde o 1º
século. Segundo a pesquisa histórica e a iconografia (arte de
representar por imagens), as primeiras imagens de Nossa Senhora seriam
as chamadas “virgens orantes“ das catacumbas romanas. Maria é
representada de pé, braços elevados em atitude de oração. A origem da
veneração à Maria para o culto litúrgico e a devoção popular, nasceu da
excelência da Mãe de Deus no evangelho: do seu papel na missão de Jesus,
de sua condição de discípula-modelo para os cristãos. Essa é a causa
dos inumeráveis títulos das “nossas senhoras” pelo mundo afora.
Não raro os títulos “nossa senhora” traduzem os anseios das pessoas,
grupos ou povos. Assim os escravos negros eram devotos de Nossa Senhora
do Rosário. Com o tempo o culto litúrgico à Mãe de Jesus e as invocações
populares (ladainhas, novenas, terço) multiplicaram as “nossas
senhoras”. Lembravam os locais onde Maria viveu (Belém, Nazaré); os
episódios narrados nos Evangelhos (Ex: a Natividade; a Anunciação); o
papel dela na missão de Jesus; um local onde aconteceram fatos
extraordinários (Lourdes, Fátima, aparecida). Enfim, Maria é uma só em
seu corpo terreno. Os títulos referem-se à sua condição glorificada, à
íntima e inseparável união com o Filho ressuscitado. A grande imprensa
não sabe distinguir isso. Um cristão consciente deve saber! Nomes e
títulos de “nossa senhora” devem nos conduzir à escuta da Palavra de
Deus e ao amor a Jesus Cristo. “Todas as gerações me chamarão:
bem-aventurada!”
Pe. Antonio Clayton Sant ´Anna – CSsR, Diretor da Academia Marial de Aparecida, do site www.a12.com