Somos uma Paróquia Franciscana Capuchinha

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Uma só Maria em todas as “nossas senhoras”

Epíteto é uma palavra qualificando o nome de uma pessoa. Celebridades, reis e santos tem epítetos após o nome. É um título! Ex. Átila, o flagelo de Deus. Napoleão, o corso (Ilha de Córsega, onde ele nasceu). São Boaventura, o doutor seráfico. São João Maria Vianney, o cura d´Ars.

Rui Barbosa, a águia de Haia. Os títulos após um nome ou são honoríficos ou são uma espécie de ‘apelido’ que caracteriza alguém: o que fez, foi ou pelo seu modo de ser. A bíblia acrescenta títulos aos nomes, a começar pelo de Jesus: o Nazareno (Mt.2,23). Há no Novo Testamento mais de 100 títulos apostos ao nome de Jesus: o Messias; o Verbo de Deus; o Ungido de Deus; o Emanuel (Deus conosco); o primogênito de toda a criação; a cabeça da Igreja etc. Indicam o amadurecimento da fé em Cristo ressuscitado no início da Igreja. São Marcos (2,17) informa: Jesus deu aos dois apóstolos irmãos, Tiago e João, um epíteto: Boanerges, isto é, filhos do trovão.
Ora, no Evangelho de Lucas a primeira referência à pessoa de Maria é um título dado a ela pelo mensageiro de Deus: “ó cheia de graça!” (Lc.1,28). Jesus chama sua mãe de Mulher: nas Bodas de Caná e no Calvário (Jo.2,4); (Jo.19,26). “Mulher, eis aí teu filho!” Isto revela a convicção dos primeiros cristãos no papel de Maria na salvação realizada por Jesus. Ela é a nova Eva, prevista no livro do Gênesis (3,15), como a vencedora futura do demônio. Vitória confirmada no livro do Apocalipse, cap. 12, que fala do grande sinal que apareceu no céu: uma mulher vestida de sol, a lua debaixo dos pés e uma coroa de 12 estrelas na cabeça. Por isso, a reflexão cristã deu à Maria desde os primeiros tempos o título: Imaculada! Ela é ainda chamada de: Mãe de Deus e de Sempre Virgem. O título de “nossa senhora” vem desde o 1º século. Segundo a pesquisa histórica e a iconografia (arte de representar por imagens), as primeiras imagens de Nossa Senhora seriam as chamadas “virgens orantes“ das catacumbas romanas. Maria é representada de pé, braços elevados em atitude de oração. A origem da veneração à Maria para o culto litúrgico e a devoção popular, nasceu da excelência da Mãe de Deus no evangelho: do seu papel na missão de Jesus, de sua condição de discípula-modelo para os cristãos. Essa é a causa dos inumeráveis títulos das “nossas senhoras” pelo mundo afora.
Não raro os títulos “nossa senhora” traduzem os anseios das pessoas, grupos ou povos. Assim os escravos negros eram devotos de Nossa Senhora do Rosário. Com o tempo o culto litúrgico à Mãe de Jesus e as invocações populares (ladainhas, novenas, terço) multiplicaram as “nossas senhoras”. Lembravam os locais onde Maria viveu (Belém, Nazaré); os episódios narrados nos Evangelhos (Ex: a Natividade; a Anunciação); o papel dela na missão de Jesus; um local onde aconteceram fatos extraordinários (Lourdes, Fátima, aparecida). Enfim, Maria é uma só em seu corpo terreno. Os títulos referem-se à sua condição glorificada, à íntima e inseparável união com o Filho ressuscitado. A grande imprensa não sabe distinguir isso. Um cristão consciente deve saber! Nomes e títulos de “nossa senhora” devem nos conduzir à escuta da Palavra de Deus e ao amor a Jesus Cristo. “Todas as gerações me chamarão: bem-aventurada!”
Pe. Antonio Clayton Sant ´Anna – CSsR, Diretor da Academia Marial de Aparecida,  do site www.a12.com

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Leitura da Bíblia

Frei Mauro Alves da Rosa, ofmcap
"A Palavra está perto de ti, em tua boca, em teu coração" (Rm 10,8)
 A leitura da Bíblia em nossas comunidades está levando o povo a descobrir o jeito com que Deus conduz a história. A Bíblia conta como Ele foi realizando suas promessas partindo de um povo simples para, aos poucos, ir formando uma sociedade sem exploração. Deus apareceu e entregou-Se ao Seu povo, no passado, e hoje Se entrega a nós.
É por meio da leitura da Palavra de Deus que nossas comunidades, nossos grupos de famílias, de jovens e de agentes pastorais vão descobrindo um novo jeito de rezar e celebrar.  Dessa forma, a Palavra de Deus permanece viva e atuante na comunidade eclesial de base. 
A Bíblia, um livro formado de muitos livros, é uma colcha de retalho. Com diferentes cores, tamanhos e tipos de tecido. Cada livro guarda a memória daquilo era. A Bíblia faz a memória histórica de um povo, do encontro de um povo sofredor com um Deus libertador. Ler a Bíblia, rezar a Palavra de Deus é compreender a mensagem dessa Palavra. É compreender que Deus continua caminhando junto com Seu povo. É entender que o projeto do Reino, anunciado por Jesus Cristo, ainda está em construção.
A Igreja do Brasil dedica o mês de setembro à Palavra de Deus. A Bíblia é colocada nas mãos, no coração e na vida do povo de nossas comunidades. Ela tornou-se ferramenta indispensável em todos os encontros, reuniões, assembleias e celebrações. Aos poucos, vamos recuperando o tempo perdido, pois não basta ter a Bíblia em casa, lê-la individualmente ou com a família; é preciso fazer da Palavra de Deus o centro de nossos encontros e celebrações. Necessitamos rezar a Palavra de Deus. Sim, rezar a Palavra de Deus! E essa maneira de rezar chama-se leitura orante da Bíblia.
A leitura orante da Bíblia é um alimento necessário para a nossa vida espiritual. É, também, como um colírio: limpa os olhos embaçados, para que se comece a enxergar com os olhos de Deus. Não é um momento de estudo, nem um tempo para preparar um trabalho pastoral: é um momento de leitura da Palavra de Deus e de escuta do que ela nos diz, pessoalmente, para melhor viver o Evangelho de Jesus.
Assim sendo, precisamos ter três atitudes básicas em relação à Palavra de Deus: 1) Escutar a Deus, mediante sua Palavra; 2) Fazer o que foi escutado – não devemos ser apenas ouvintes, mas seguidores de Jesus; 3) Responder com ação concreta, compromisso. Temos de deixar espaço para que Deus seja tudo em nós; “o Cristo vive em mim” (Gl 2,20).
Neste mês de setembro, meu irmão, minha irmã, aproveite para sentar, pegar a Bíblia e rezar. E para ajudar melhor você a rezar a Palavra de Deus, apresentamos pontos que orientam a leitura orante da Bíblia e a mística que a deve animar: 
Oração Inicial:
Ó Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. Enviai Senhor, o vosso Espírito, e tudo será criado; e renovareis a face da terra. Deus que instruístes os corações dos vossos fiéis com as luzes do Espírito Santo façam que apreciemos retamente todas as coisas e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo Senhor nosso. Amém.
Leitura da Palavra de Deus:
Leia, com calma e atenção, o Evangelho do dia. Se for preciso, leia quantas vezes forem necessárias. Então procure identificar as coisas importantes deste trecho da Bíblia: o ambiente, os personagens, os diálogos, as imagens usadas, as ações. Você conhece algum outro trecho que seja parecido com este que você leu? É importante que você identifique tudo isto com calma e atenção, como se estivesse vendo a cena. É um momento para conhecer e reconhecer a Boa Notícia que este trecho traz!
Meditar a Palavra de Deus:
É o momento de descobrir os valores e as mensagens espirituais da Palavra de Deus: é hora de saborear a Palavra de Deus e não apenas estudá-la. Você, diante de Deus, deve confrontar este trecho com a sua vida. Feche os olhos, é preciso concentrar-se.
Rezar a Palavra de Deus:
Toda boa meditação desemboca naturalmente na oração. É o momento de responder a Deus após havê-lo escutado. Esta oração é um momento muito pessoal que diz respeito apenas à pessoa e Deus. Não se preocupe em preparar palavras, fale o que vai no coração depois da meditação: se for louvor, louve, se for pedido de perdão, peça perdão; se for necessidade de maior clareza, peça a luz divina; se for cansaço e aridez, peça os dons da fé e da esperança.
Contemplar a Palavra:
Desta etapa a pessoa não é dona. É um momento que pertence a Deus e sua presença, misteriosa sim, mas sempre presença. É um momento onde se permanece em silêncio diante de Deus. Se Ele o conduzir à contemplação, louvado seja Deus! Se Ele lhe der apenas tranquilidade de uns momentos de paz e silêncio, louvado seja Deus! Se para você for um momento de esforço de querer estar na presença de Deus, louvado seja Deus!
Conservar a Palavra de Deus na sua vida:
Leve a Palavra de Deus e o fruto desta oração para a sua vida. Não se preocupe se alguma coisa não for bem, um dos frutos da Palavra de Deus é a noção do erro e a conversão pela sua misericórdia. O importante é que a semente da Palavra de Deus produza frutos e que o povo de Deus possa ser alimentado pelos testemunhos de fé, esperança e amor.
Termine com a oração do Pai Nosso e três Ave-Marias, consciente de querer viver a mensagem do Reino de Deus e fazer a Sua vontade.

sexta-feira, 27 de julho de 2012



A Secretaria Paroquial atende de segunda a sexta-feira  das 14:00 ás 18:00
Sábados das 08:00 ás 11:30 min






AGENDA DE OUTUBRO 2014 – PARÓQUIA Nª Sª DA PENHA

SEGUNDA
TERÇA
QUARTA
QUINTA
SEXTA
SABADO
DOMINGO
 
 
 
01
 
 
 
02
 
 
03
 
04
14:30 – S. Barbara – Araial
16:30 – S. Luzia – Quitéria
19h – Penha batismo Larri /Norma
 
 
05 ELEIÇOES
 
8:30h – S. Antonio
10h – Necessidades P Novo
06
 
07
8:30h Reunião do Clero
19h EDCAE
08
16h – Penha
19:30 – Siola
 
09
15h – Fátima – B Falsa
17h  SCecilia/Pesqueiro
 
10
 
11
14:30 – Graças – Petroline
16:30 – Auxiliadora – Palma
18h – Povo N procissão
19h – Penha
12
9h ROMARIA FÁTIMA
 
FESTA NO BANHADO SILVEIRA
15h BINGO
19h MISSA E PROCISSÃO
 
13
 
14
 
 15
16h – Penha
 
16
 
 
17
 
 
18
14:30 – Fátima – Leonidio
16:30 – S. Antônio
19h – Penha
 
Crismas Torotama – 14:30
19
8:30h– Penha
10h – Necessidades – P Novo
10h – S. Cruz – Ilha Mar
 
15h – S. Clara – Serraria
17 – Conceição – Capilha
 
20
21
 
22
 
16h – Penha
 
 
23
 
 
24
 
25
14:30 – Lourdes –Torotama
16:30 – Banhado Silveira
19h – Penha
 
26 ELEIÇÕES
8:30 – Penha
10h - Necessidades – P Novo
 
27
 
 
 
28
18h – S. Terezinha – Lomba da Quinta
 
29
16h – Penha
30
 
31
 
 
             
 

domingo, 5 de abril de 2009

NOSSA SENHORA DAS NECESSIDADES

História da Igreja Nossa Senhora das Necessidades
Povo Novo – Rio Grande




A Igreja do Povo Novo surge no período da invasão espanhola no Rio Grande de São Pedro (RS) entre 1763 e 1776, mais precisamente no ano de 1774 segundo relatos de antigos moradores do distrito, e sua primeira sede estava localizada no assentamento à margem da estrada da Palma, onde os Espanhóis colocaram os colonos portugueses que não conseguiram retirar-se após o domínio da coroa espanhola.


Nesse primeiro momento a Igreja, que não passara de uma rudimentar capelinha, surge como título de Nossa Sra das Mercês. Após a retomada das terras pelos portugueses a localidade de Torotama, que já existia anteriormente, recebeu a maior parte das famílias portuguesas, formando o Povo Novo nas terras pertencentes a Manoel Fernandes Vieira, aparecendo, então, com o nome de Pueblo Nuevo de la Toretama devido a recente influência espanhola. Alguns desses portugueses foram habitar um novo lugar duas léguas distantes e aí edificaram uma casa para nela celebrar missas e administrar sacramentos.


Por provisão de 07 de fevereiro de 1784 é criada a Capela Curato de Nossa Sra das Necessidades do Povo Novo, tendo como primeiro capelão o Padre Manoel dos Santos Rezende nomeado em 05 de dezembro de 1785. Construída em estilo Açoriano, ampla e alta para o tempo e o lugar, feita de tijolo cozido e ao que tudo indica revestida de cal, a igreja é ereta no ponto mais elevado do terreno em forma de cruz planta no chão, e conforme consta sua inauguração foi feita com missa cantada e Te Deum Laudamos, e festejos externos na praça com leilão de prendas e iluminação de tijelinhas. Em 1795, foi elevada a Curato dependente da Matriz de Rio Grande (a Igreja de São Pedro) e promovido cura o Padre José Monteiro. Quando se tornou independente ficou encarregado o Padre Manoel José Ferreira Guimarães, sucedendo-se a ele em vinte anos, dez curas.


No dia 23 de julho de 1803, batizou-se na Igreja Nossa Sra das Necessidades o menino Antônio de Souza Netto, filho de José de Souza e Teotônia Bruna, o qual anos depois engajou-se nas forças revolucionárias para lutar pela província, tornando-se um grande ícone da Revolução Farroupilha (1835-1845). Em 1804 poucos anos após a abertura da igreja, a ela voltavam o casal de negros africanos livres Manoel Ventura e Joana Dias, para render graças a Nossa Sra por lhes ter dado uma filha livre a qual foi batizada nesta mesma igreja com o nome de Polocena Maria Dias, sendo que com o passar do tempo perdeu o segundo prenome e começa a ser chamada de Pulcena Dias, que entra para a história como a Mãe de Marcílio Dias. Por lei da assembléia provincial de 05 de maio de 1846, Povo novo é elevado a Paróquia e o primeiro pároco nomeado foi em abril de 1847, o Padre Raimundo Tarrago.O pároco mais importante dessa época foi o Padre Estevão Semiglia nomeado em 27 de outubro de 1856 e confirmado em 1863 por Dom Sebastião Dias Laranjeira, o qual em junho do mesmo ano cria a Vara Eclesiástica do Povo Novo.


O padre Semiglia continua exercendo suas atividades paroquiais até que em 1869 é brutalmente assassinado na frente da igreja. Em 12 de dezembro de 1913, a capela deixa de ser paróquia sendo esta transferida pelo Bispo de Pelotas Dom Francisco de Campos Barreto, para a Igreja Nossa Sra da Penha no nascente distrito de Júlio de Castilhos, atual Vila da Quinta. Em 1922 os padres Josefinos que administravam uma Escola Agrícola do nascente distrito, e também atendiam a comunidade vão embora e em conseqüência disto as Igrejas da Penha e do Povo Novo ficam abandonadas, sendo que de vez em quando vinham Padres de Pelotas ou Rio Grande rezar missas e fazer batizados. Desde outros tempos já costumava-se celebrar a Festa do Divino Espírito Santo, uma tradição trazida pelos portugueses à região.


A grande e última Festa do Divino, realizada nos moldes tradicionais portugueses na Igreja do Povo Novo, ocorreu em 22 de março de 1942, tendo como Juizes Festeiros o Sr. Paulo Coutelle Filho e sua esposa Sra. Leontina Nunes Coutelle sendo nesta festa calculada a presença de mais de cinco mil pessoas. “Foi uma tarde de festa e apreensões, pois, por ocasião da Segunda Guerra Mundial, os alemães afundaram três navios brasileiros, no entanto as festividades seguiram abrilhantadas por duas bandas, sendo uma delas a do 9° Regimento de Infantaria Motorizada de Pelotas. (Fato relatado pelo Sr. Alcides Rodrigues da Silva, morador do Povo Novo e sobrinho do Historiador Alfredo Ferreira Rodrigues, o qual foi o Pajem da festa tendo ele apenas treze anos de idade na época.)”.


Anos depois desgastada pelo tempo, a igreja precisava de uma reforma e segundo as Atas da Câmara Municipal, o telhado estava arriado, as imagens defeituosas e necessitava-se de cinco banquetas completas para os cinco altares, e também consta que os seis contos de réis decretados pela Assembléia Provincial ainda não haviam chegado. Segundo relatos, em maio de 1945 a Igreja foi fechada após a Missa de Ação de Graças pela vitória das Nações unidas, pois oferecia riscos de desabamento. Os parlamentos da igreja, bem como as imagens, foram recolhidas e guardadas na residência do Sr. Ladislau Lawal. Em 19 de fevereiro de 1948 uma grande campanha de donativos para a reconstrução da igreja, ganha os municípios de Pelotas e Rio Grande, estando à frente desta o Dr. Miguel de Castro Moreira - presidente, Sr. Paulo Coutelle Filho – tesoureiro e o Sr. Baudílio Azevedo – secretário, os quais faziam parte da comissão de reforma da igreja. As obras de demolição lateral iniciaram em 08 de novembro de 1948, conservando a fachada original e obedecendo ao mesmo estilo e tipificação arquitetônicos.


A reconstrução levou dezessete meses e vinte dias para ser concluída, até que no dia 28 de abril de 1950 às 16 horas a obra foi entregue pelo construtor Sr. Oscar Rodrigues de Carvalho, que vem a falecer meses após o término da reforma. “Voltam a soar os sinos no Povo Novo! Sobe as escadas do campanário o Sr. mais idoso, Manoel de Oliveira, para tocar a Ave Maria.” (Fato contado pelo Sr. Alcides Rodrigues da Silva, o qual, estava presente no ato da entrega da obra.)


“Lá esta no alto da fachada de nosso Templo aquele significativo losângulo 1784-1950. Duas épocas, duas grandes batalhas. Tudo levando à posteridade a luta pela conservação do nosso mais caro monumento histórico o teto sob o qual humildes trabalhadores dos campos vão levar suas preces ou cantar seus hinos de louvor pelas bênçãos recebidas do céu”. (Trecho do relatório de conclusão da obra, feito pelo secretário da comissão Sr. Baudílio Azevedo). Durante e após a reforma muitas doações foram feitas como vasos, toalhas, castiçais, e imagens as quais receberam a bênção em 25 de fevereiro de 1951 por ocasião dos atos inaugurais do novo templo, cujas solenidades foram celebradas por Dom Antônio Zattera, Bispo de Pelotas. Em março de 1961 realizou-se uma das maiores festas em louvor a Nossa Sra das Necessidades, sendo festeiros os Srs. Domingos Cerciário e Bento Ernesto Gonçalves, juntamente com suas esposas, os quais organizaram a programação da festa que contou com a Missa pela manhã, procissão às 14 horas fazendo o trajeto da igreja à estação (época em que todas as imagens eram conduzidas na procissão) tendo o acompanhamento da Banda União Democrática de Pelotas.


A tarde o Sr. Bispo Dom Antônio Zattera ministrou a um grupo de crianças o sacramento do Crisma e ainda ouve festa na praça. Em julho de 1962 a então Paróquia da vila da Quinta passou a ter um pároco, Padre Lauro Perch o qual trabalhou na região até 1969, quando assumiu o padre italiano João Batista Cossali, o qual tornou-se um grande ícone desta região por ter chegado numa época em que a igreja encontrava-se desanimada. Com seu espírito decidido e inovador, conseguiu retomar a caminhada das comunidades trabalhando até 1981, quando a paróquia foi assumida pelos Freis Franciscanos Capuchinhos, sendo o primeiro Pároco Franciscano o Frei Antônio Parisotto. Nesta mesma época (não sendo encontrados registros do fato) ocorreu um furto na igreja onde foram roubadas duas imagens históricas: Nossa Sra do Rosário e São Miguel Arcanjo, além de outros artigos como toalhas, castiçais, uma caixa de som e uma coroa da padroeira, artigos os quais não conseguiram ser recuperados, sendo que, inclusive, a imagem de Nossa Sra do Rosário era conduzida tradicionalmente todos os anos em procissão por um casal de festeiros Negros os quais realizavam uma festa em homenagem a santa padroeira dos negros e escravos.


Os duzentos anos da igreja Nossa sra das Necessidades foram celebrados no ano de 1984 junto a festa da Padroeira.Neste dia todos aqueles casais que haviam sido festeiros nas festas anteriores, o foram novamente. Pela manhã ouve missa solene, à tarde procissão e festa na praça. Foi realizada em julho de 2000 a Primeira Festa de São Cristóvão, em homenagem ao motorista e o agricultor. Pela manhã foi celebrada pelo Sr. Bispo Dom José Mário Stroeher a Missa Jubilar e ministrado a um grupo de jovens e adultos o sacramento do Crisma. À tarde houve procissão motorizada e domingueira. No dia 20 de julho de 2003, Povo Novo comemorou o Bicentenário do batizado de seu ilustre filho o General Antônio de Souza Netto que foi batizado na Pia esculpida em pedra bruta ainda presente nesta igreja servindo de elo entre o passado e o presente.


As comemorações iniciaram às 09 h e 45 min com uma aula pública de sua vida e inauguração do cartaz didático em sua homenagem na Coordenadoria Distrital, em seguida foi descerrada uma placa no busto do herói pelo Prefeito Municipal Sr. Fábio Branco e demais autoridades, juntamente com o CTG Antônio de Souza Netto, CTG Saudades do Pago, Piquete Potro sem Dono e a comunidade em geral. Às 10 h e 30 min foi realizada a Missa Crioula na praça, presidida pelo Padre Décio de Rio Grande com o auxílio da comunidade local. A tarde ouve mateada e o encerramento deu-se por volta das 20h.
A história de nossa bicentenária Igreja que é um marco na caminhada de fé do nosso povo continua a ser construída a cada dia e a cada celebração que é realizada sob seu teto, e também é uma prova de que com a intercessão da Mãe de Jesus superamos todas as dificuldades da caminhada e recebemos as bênçãos de Deus Pai.


Este texto foi construído com base em um trabalho realizado de 2003 a 2007, que contou com pesquisas, entrevistas com historiadores e antigos moradores da comunidade, recuperação de fotos, arquivos e documentos antigos, tudo com o proposto de resgatar e documentar a história de nossa igreja.
Povo Novo, Novembro de 2007.




Fontes utilizadas para a construção do trabalho:
- Síntese do trabalho “Origens do Povo Novo” por Cledenir Mendonça, bacharel em História da Furg;
- Livro Marcílio Dias, por Edgar Fontoura;
- Arquivo da Igreja Nossa Sra das Necessidades;
- Arquivo pessoal do Sr. Alcides Rodrigues da Silva;
- Arquivo pessoal da Sra. Ivanilda de Barros Marco;
- Colaboração dos Freis Júlio César Ribeiro, Carlos Freitas e Paulo Zanatta.

Responsáveis pela pesquisa:
Denise de Souza Martins
Diego Noda dos Santos

Montagem final do texto:
Diego Noda dos Santos (Email diegonoda@hotmail.com)

terça-feira, 24 de março de 2009

CRIAÇÃ0 DAS FREGUESIAS

Monsenhor dr, Luis Mariano da Rocha, em trabalho “A Religião Católica no Estado” teve ocasião de referir;
“ A data, porém de 1812, que assinala a criação da vigararia geral, como adiante veremos, é bem precisa e pode servir perfeitamente de ponto de partida para a história da Igreja Católica no Rio Grande do Sul durante o primeiro século de vida independente da nação.”
“Efetivamente, vamos, nessa data, as freguesias donde se irradiavam as populações pelo território, todas elas constituídas.”
“Porto Alegre, Viamão, Triunfo, Taquari, Santo Amaro, Cachoeira, Rio Pardo e Rio Grande, quase a esteira do litoral em que se amalgamou a população para a conquista do território, ainda hoje apresentam as suas velhas igrejas ou “matrizes” que, iniludivelmente, são marcos gloriosos e nos dizem dos altos sentimentos religiosos, morais e artísticos de nossos antepassados.”
“ Os bispos, pois, do Rio de Janeiro criavam paróquias, dividiam o território, atendiam ao espiritual pela nomeação de vigários, permitiam a pregação de missões populares por sacerdotes das ordens religiosas do Carmo, dos Franciscanos Capuchinhos e inspecionavam a cristandade dos visitadores ordinários e extraordinários ou gerais nomeados periodicamente, quase sempre trienalmente.”

“O continente do Rio Grande estava ainda dividido em 5 Municípios e 14 paróquias, a saber:
I – Rio Grande
Paróquia do Rio Grande – fundada em 1745.
Paróquia do Estreito - Fundada em 1750.
Paróquia de Mostarda - Fundada em 1773.

II – Porto Alegre
Paróquia de Porto Alegre – fundada em 1772.
Paróquia de Viamão – fundada em 1747.
Paróquia de Triunfo – fundada em 1756.
Paróquia de Gravataí – fundada em 1795.

III – Santo Antônio da Patrulha
Paróquia S. Antônio – fundada em 1795.
Paróquia de Conceição do Arroio – fundada em 1773.
Paróquia de Vacaria – fundada em 1805.

IV – Rio Pardo
Paróquia de Rio Pardo – fundada em 1779.
Paróquia de Santo Amaro – fundada em 1773.
Paróquia de Taquari - fundada em 1765

V – Cachoeira
Paróquia de Cachoeira – fundada em 1779.”

Monsenhor Mariano de Rocha, saliente figura do clero gaúcho, teve seu trabalho, anos mais tarde secundado pelo brilhante homem de letras e historiador de grande recursos: professor Walter Spalding.
“ Igreja no Velho Continente de São Pedro do Sul” é o trabalho de Spalding que temos a satisfação de ora transcrever (quase todo):
“O Rio Grande do S. Pedro do Sul foi, das Províncias do Brasil, a mais abandonada e que por últimos, quase dois século mais tarde, recebeu os primeiros civilizados portugueses.”
“ Com respeito ao abandono em que a deixaram as Cortes, inúmeros sãos os documentos que o provam, mormente alguns anos após a fundação do presídio Jesus, Maria, José, por Silva País.”
“ A própria revolução farroupilha, em 1835, foi, em grande parte, conseqüência do desleixo do centro pelo continente de S. Pedro.”
“Si materialmente pouco cuidaram do Rio Grande, espiritualmente o desastre era completo.”
“ Descoberto em 1509 por João Dias de Solis, navegante português a serviço da Espanha, o Rio Grande apesar disso, continuou a ser terra de ninguém, isto é: de civilizados, pois foi até princípios de século XVIII propriedade exclusiva de seus naturais, os charruas e minuanos...

Bibliografia
FREITAS L. José. NA HISTÓRIA DO RIO GRANDE DO SUL. TRIUNFO 1754. 1º VOLUME

OB: Apenas tenho o xérox dessas duas folhas a capa e a pág 70 e 71 onde encontrei a riqueza dessas observações que transcrevi como está escrita. Frei Paulo Zanatta


ESTÂNCIA DE JOSÉ CORREIA, 5 léguas, 22 de setembro. – Ainda dois matesantes de partir. O uso dessa bebida é geral aqui: toma-se mate noinstante em que se acorda e depois, várias vezes durante o dia. Achaleira cheia de água quente ao fogo e, logo que um estranho entre nacasa, oferecem-lhe mate imediatamente. O nome de mate épropriamente o nome da pequena cuia onde é servido, mas dá-se tambémà bebida ou à quantidade de liquido contido na cabaça; assim diz-seque se tomaram dois ou três mates, quando se tem esvaziado a cuia duasou três vezes. Quando à planta que fornece essa bebida, chamam-se erva-mateou simplesmente erva. A cuia pode conter cerca de um copo d’água; deerva até a metade e, por cima, põe a água quente. Quando a erva é deboa qualidade, pode-se escaldá-la até dez ou doze vezes, sem renovar aerva. Conhece-se que esta perdeu sua força e que é necessário mudá-laquando, derramando-se-lhe água fervente, não se forma espuma àsuperfície. Os verdadeiros apreciadores do mate tomam-no sem açúcar, eentão se obtém o chamado mate-chimarrão. A primeira vez que provei talbebida, achei-a muito sem graça, mas cedo me acostumei a ela e,atualmente, tomo várias mates seguidamente com prazer, até mesmo semaçúcar. Acho no mate um ligeiro perfume misturado de amargor, que nãoé desagradável. Muito se tem elogiado esta bebida; dizem que é diurética, combatedores de cabeça, descansa o viajor de suas fadigas; e na realidade, éprovável que seu sabor amargo a torne estomacal é, por isso, sejatalvez necessária numa região onde se come enorme quantidade de carne,sem mastiga-la convenientemente. Aqueles que estão ao acostumados aomate, não podem privar-se dele, sem sofrerem incômodos. Num espaço de cerca de duas léguas após a Estância do Velho Terras até Capilha, o terreno é absolutamente semelhante ao queatravessei nos dias precedentes; é também, plano e coberto dum relvado
muito raso, onde florecem, ainda,as mesmas plantas que indiquei no Diário de 20. No caminho, encontreium homem que mora a trinta légua daqui, e que voltava para casa, emcompanhia da mulher. Todos, nesta região, são exímioscavaleiros, razão por que fazem longas viagens a cavalo. Conversandocom o homem de que acabo de falar, soube que em São Miguel, em SantaTereza e seus arredores, havia um grande número de estancieirocompletamente jejunos em religião; que muita gente jamais se confessou, e atése encontra mesmo quem, na idade de quinze ou dezesseis anos, jamaisassistiram missa; o que não é muito de admirar, pois que, entre afronteira e Rio Grande, somente se reza missa em Capilha, onde passeihoje. Capilha é simplesmente uma aldeia, composta de algumas choupanas e deuma pequeníssima capela subordinada à paróquia do Rio Grande,mas sem capelão.Essa aldeia está situada numa posição muito agradável, às margens da Lagoa Mirim. Silveiro disse-me que sua casa ficava a cinco léguas do lago e a cinco do mar. Abaixo do Caiová, o istmo começa a se estreitar. Meus hospedeiros de ontem à tarde asseguraram-me que sua habitação ficava somente a duas léguas do lago, e a três do oceano; em Capilha, não há mais que duas léguas entre o lago e o mar. De Capilha até aqui, num espaço de três léguas viemos sempre contornando o lago, caminhando por uma praia triste e monótona, coberta de areia fina e esbranquiçada.
Para além da praia, as areias amontoadas pelos ventos formaram uma fileira ininterrupta de montículos, sobre os quais crescem algumas árvores raquíticas, tais como a mirsínea, a figueira, o coentro. Por trás dos montículos, o terreno continua plano e coberto de pastagens.
A uma légua de Capilha, encontra-se o lugar chamado Taim, onde estão acampados alguns soldados. Outrora, Taim era o limite das divisões portuguesas. Do outro lado, os campos neutros (campos neutriais), que se estendiam numa extensão de trinta léguas, até a Estância do Chui, onde começava as possessões espanholas. Se é verdade o que me disseram, os campos neutrais foram, originariamente, povoados pelos portugueses, que, por força de um tratado, se viram obrigados a abandonar suas possessões. Homens pobres, vendo uma tão grande área de terra sem proprietários, sonharam aí se estabelecer, solicitando, para isso, a posse delas aos comandantes portugueses da fronteira. Esses, para não se comprometerem, recusaram-lhes autorização direta, mas se prontificaram a fechar os olhos a essa violação do tratado, e recomendaram aos agricultores procurarem entendimento com os comandantes espanhóis, que por dinheiro, consentiram tudo. Assim foram os campos neutrais povoados pela segunda vez, pelos portugueses. Mas hoje, que essas terras são consideradas como parte do domínio português, os primeiros donos se apresentam com títulos legítimos, concedidos pelo Rei, e pretendem reaver suas terras, pois os últimos ocupantes ali se estabeleceram fraudulentamente, burlando assim o tratado.
Parece que as autoridades estão dispostas a decidir em favor dos mais antigos donos.
Pernoitei numa estância, cujo proprietário estava ausente, e onde só encontrei um negro. Esse homem alimenta-se apenas de carne, sem farinha e sem pão, como sucede a todos os escravos nesta região.

BIBLIOGRAFIA

SAINT-HILAIRE Augusto de. VIAGEM AO RIO GRANDE DO SUL. 4º Edição. Tradução de Adroaldo Mesquita da Costa. Ed. Marins Livreiro. Porto Alegre. 1987
NT: Auguste de Saint-Hilaire nasceu na França em Orléans 1779. Chegou no Brasil em 1816, e aqui permaneceu durante 6 anos. Pisou o solo rio-grandense pela 1º em Torres, a 5 de junho de 1820. Faleceu na França em 1853, onde havia publicado na França , todos os relatos das suas viagens pelo Brasil, com exceção; o da viagem que empreendeu em nossa província.

Cachorro Ovelheiro

...O Tenente Vieira possui um rebanho de ovelhas que, como os demais da região, permanece sempre nos campos, mas é guardado por um desses cães, chamado ovelheiro, de que fala o abade Casal.
Eis o que me contou o tenente sobre esses animais. Toma-se um cachorrinho , antes que tenha aberto os olhos, separa-se da mãe, obriga-se uma ovelha a amamenta-lo, e constrói-se-lhe uma pequeno abrigo no meio do rebanho. Os primeiros seres vivos que se oferecem à sua vista são os carneiros; o cachorro acostuma-se a eles, toma-lhe afeição e erige-se em seu defensor, repelindo com valentia os cães selvagens e outros animais que os vêm atacar. Habitua-se a vir comer pela manhã e à tarde na estância; além disso, nunca mais abandona o rebanho e, quando as ovelhas se afastam da casa, priva-se até de alimentos para acompanhá-las.

SAINT-HILAIRE Augusto de. VIAGEM AO RIO GRANDE DO SUL. 4º Edição. Tradução de Adroaldo Mesquita da Costa. Ed. Marins Livreiro. Porto Alegre. 1987
NT: Auguste de Saint-Hilaire nasceu na França em Orléans 1779. Chegou no Brasil em 1816, e aqui permaneceu durante 6 anos. Pisou o solo rio-grandense pela 1º em Torres, a 5 de junho de 1820. Faleceu na França em 1853, onde havia publicado na França , todos os relatos das suas viagens pelo Brasil, com exceção; o da viagem que empreendeu em nossa província.